segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Tempo espacial


Corria velozmente a agarrar pelas mãos o coração que me saltava pela boca…
Entorpecida pela minha própria ilusão segui cegamente na corrida dos sonhos!

Ali, onde o sol está presente o ano inteiro e a luz afaga-nos a face ternamente…
Vive-se o hoje e o amanhã é o último dia a sentir! Como se amanhã fosse a última vez que se olhava para o azul do céu e as árvores ao vento…
Na cidade dos encantos a vida é agitada e melancolicamente feliz!
“Mañana es hoy y es lo que hay!”
Cidade dos condes e dos bairros! As pessoas são a tua beleza, aqueles que eternamente lutaram e lutam para construir cada pedaço de ti, que brilha ao sol! Hummm, sedutora feminina, ninguém resiste aos teus encantos! Todos se deixam levar pela beleza em redor e pela pujança nas tuas veias!
“En cada calle, una historia, en cada esquina una sonrisa perdida… Hay dos vidas en ti, día y noche! Te hecho de menos…”
Cidade de passo e de fluxos, não tão veloz para que se possa esquecer de um rosto ou de uma voz, mas a um ritmo que faz correr, saltar “ó bailar”!
“Baila, baila, vuela, vuela…”!
Ali o tempo é outro, vejo agora como estava acelarada, para o bem e para o mal…
Contagiante forma de viver, a energia da cidade é um vicio… Pelas pessoas implacáveis na sua acção, que competem, são directos e agem com vitalidade! E todo o fluxo dos que vêm beber do teu sangue ou consumir desse brilho!
É agitada com todo o seu esplendor! Mas no meio da confusão existem refúgios que nos acolhem e lembram que é terra de gente autêntica de olhares profundos, que revelam uma força interior!
Aqui, agora, o tempo é lento e envolvente como um abraço que persiste na memória…
Saio para a rua, percorro de “bici” as ruas da cidade e sigo com o pulsar de todos… Seguia veloz e a sorrir por sentir tal energia!
Não sei que tempo é este, que vivo agora, se do regresso ou da pátria… A das origens e da minha cultura…
Aqui, agora, o tempo é outro e discorre suavemente, talvez pela gente, que tanto gosto tem em comer devagar pra saborear.
O seu jeito de falar e fazer é mais pausado e delicado, para o bem e para o mal… Aqui o rude é tonto e segue enganado como o caracol, ou é o tubarão que engole todos sem piedade…
Os pequeninos tentam correr pelas suas pernas curtas, mas são artistas quase de circo com as suas perícias para alcançarem o que sonhavam ou o que acreditam! Os graúdos comportam-se normalmente a defenderem o seu castelo…
São esses, os artistas que se movem com astúcia, percorrendo os atalhos e as vielas, sabendo no fundo que já está a chegar outro ritmo! Que o tempo é agora e o amanhã está em constante construção! Há que lutar, saber ser artista, como num trapézio ou a deslizar suavemente pendurados num tecido e a sorrir com a magia que o amanhã está a acontecer… Lá fora a brisa adormece, mas dentro os leões rugem!

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